sábado, 31 de dezembro de 2011

The Rainbow of the Day with the Night

We are accidents   Wait   Wait to happen..."


While we stay so far away
We are moon and sun
to see all the stars...
We are the fiction
of a scene
All the friction
that don't happen...
And our plans are the moment
to strike a match
and burn
skies
Cut rainbows
...slow
to slip away
watch hands
with all the "agains"
and all the rest
because the passion is the conquest
of love
, my love.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

LESBIAN BREATH

(Pra inglês ver)

Miles of smiles
in your eyes
out sight
at instant
Between violins
into the violence
of your beautiful lips
slip my skin


(In Portuguese)

Quilômetros
de sorrisos
nos seus olhos
fora de visão
sobre minhas palavras 
no instante
Entre violinos
na violência
de seus lindos lábios
deslizando em minha pele

domingo, 18 de dezembro de 2011

Casulo

Nessa Inércia rastejante
passado que não aconteceu
Bebo nossas cores dum futuro breve
num copo de pôr-do-sol
escrevendo tango

Sou uma lagarta à espreita
de minha própria imagem
        Bêbada
Sem uma gota de álcool sequer.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Frozen Seconds

Anotação I

Isso é tão belo e tão triste
 Tocar por tela
Saber que ela me corresponde mesmo antes de eu ama-la
pelo conhecimento que a distância causa
O momento se congela tão quente
e a hora corre sem passar
porque não chega nunca
O momento
em que a beleza atravessará quadros ...

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Carta

Um dia você me disse que mereço tudo o que eu for capaz de conquistar... E o que tenho a dizer sobre reconquistar? Será ele maior porque é conquistar mais de uma vez ou inferior porque é refazer algo que não foi mantido?
Nem sempre "o que for pra ser" vigorará se deixarmos estar. Nem sempre... Agora aprendi a lição, agora compreendo melhor.


De repente agora senti uma louca vontade de encontrá-la numa cafeteria do século dezenove como uma cavalheira, completamente encantada com sua beleza.., disposta a conquistá-la como se nunca a tivesse conquistado em nenhum aspecto antes...


Mas neste século vinte e um, meus versos contemporâneos dizem que já a conheci e saboreiam violetamente a conquista de um sentimento tão belo... ..que estraguei da forma mais ridícula possível.


Neste dia de mormaço e sol ardido estamos distantes a ponto de o seu céu ser outro.. e eu a chamaria para comermos e bebermos uma Heineken ou um chá gelado, mas você não gosta de chá nem de cerveja. Essa não seria melhor forma de te reconquistar... Alors eu pediria um café. Porque, apesar das nossas diferenças, somente nós compreendemos o que é querer café numa noite de sábado entre dengos, poesia, filosofia ou assuntos banais...
Talvez eu queira sair e ter mais amigos que você, mas sabemos a delícia de um dia de chuva no isolamento de nossa casa ou no cultivo do pequeno jardim que não temos.


E é por isso que preciso te reconquistar. Porque o amor que sentimos é maior que qualquer coisa se permitirmos que seja.




          Com alma,


                                                                     Vanessa D.

.................... .. . Mancha

Tocou tango clandestino com soluços
Ombros escondendo cara sem face
Gosto de repugnância em fios de trança
Cabelos sem mais corpo
Esse ódio por versos expresso em poema
Gotas quentes num banho de queimar alma
Rabeca
Acordes orientais em grito silencioso
Taung Kalat é o destino mais adequado para quem não tem para onde ir
Piano sem mãos
Violão
Reticências do fim
Vergonha como ponto final
Choro em vírgulas
Toca tango argentino com soluços

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Source

A tempestade se anuncia neste londrino céu andreense. Ouvi gaita de foles nesta manhã e quis ser escocesa. Agora é quase tarde. Toca no meu aparelho sonoro chinês "Etnia"do Nação Zumbi e os batuques pulsando em meu corpo se misturaram com o mormaço me sussurrando Pernambuco no grito do meu sangue desconhecido. É... Sou um professorinha de Inglês com nome japonês querendo tatuagens latinas no ombro,, e isso me "mata" às vezes. Essa mistura de raízes e o desconhecimento de minha própria. Pernambuco ainda me chama.
E quero para todo o sempre a respiração montesclarense.

Ventania. Minha respiração, meus sentidos, minha fala, minha sombrancelha franzida, minhas poses... Só tenho coisas que esvanecem por enquanto...
Eu só era a gulosa dentuça e corcunda que não podia fazer as coisas como as outras crianças.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

NEFELIBATA

Nasce tarde em glória
Inglória
Inglória, inglória
Conjunção correlata
de porra nenhuma

Futuro percorrido em esteiras de academia

Sonhos sofrem de cirrose
Uma sorte
Enrolada em fitas de frase
proféticas-astrológicas

O dia se enovela noite
E teço
Você.

sábado, 8 de outubro de 2011

MARROM

Uma chuva de folhas secas
cobre as entranhas das
 incertezas


Respiro o teu futuro
dióxido de carbono
num sopro de vida.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

À PÂMELA


Noite ensolarada em Marília
faz cair em gotas
as estrelas no vidro da janela
Sorriso solitário molhado
de nostalgia feliz 
que faz a tristeza de agora.
Trago (de) vinho não comprado
pra uma visita que Penélope espera
Tecendo frios de Pâmela
em Vanessas rodrigueanas...

Volta

Tomando Keep Cooler na garoa
Garota 
Aguarda
   dia seguinte
Tomando no cu
a merda
do cotidiano.

Garoa sem jazz, garota
Arrota a fé marota
que a bota sapateia notas de música sem arranjo
nem letra

(Nunca feita) .

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Domingo Lambruscado

                       (Um domingo em Gambalaia)


Céu húmido acima do vento que rasga o dia seguinte. Um evento repleto de. Pessoas ausentes que confirmaram presença.
Bebidas, um vidro fumê, redoma, cigarros e frio
, consumindo fios de pensamentos.
Panos estilo new-old-fashion, mulher solitária na janela da casa do outro lado do parque desgramado, camisas xadrez, peões com reis de leis. Xeque Mate.
Cheiros de abraços não dados, SMS.
Caetano, samba de Maria Rita, violão. 
Lá fora árvores balançam seu canto de folhas inaudível.
Um canto na calçada gelada. Benção de mendigos com casa. Renato Russo. Cantarilhos hibernados de Outono
Templário artístico em soneca de garoa fina em copo cheio de vidas sorvidas num gole.

...Dia seguinte aguarda a rotina que desguardo no bolso.

domingo, 18 de setembro de 2011

Elaine



Essa voz violeta coberta na violência profunda dos pensamentos escuros. Flores secas. Palavras pretas em teto de quarto que é o céu em sua deificação escarlate. Escalada para baixo no avesso do suspiro na fome da sede, na literatura brasileira, no sexo tântrico, nos hálitos vermelhos cobrindo ombros colados. Calado cenário em sépalas de paralelepípedos, tabernas, filetes, ouro derretido no caminho da estrada da veia que dá no coração.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

(áspas)



          "O verdadeiro crime em nossa sociedade consiste em ser apanhado ou então ser tão pobre a ponto de não poder contratar a melhor assistência legal para se livrar das grades."

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Em nossas costas

Bandidos dão gravatas por trás
Bandidos usam gravatas


E esse nó aperta mais uma garganta cortada 
no grito
de um rito de inquisição social


Enorme bola de fogo que escurece a Terra enlameada de suspiros incandescentes
marchando de esguelha ao pé d'ouvido
cheio de olhos de peixe
e nadadeiras afagadas
em micose rouca
inquietando um vazio
eternamente delicado em nós.


E então nossa conexão cai
E a televisão fica ligada
em qualquer canal
para sumir falsamente
a angústia que abre porta de geladeira e armários sem
1
por
que
Em nossa vida germinada e lutada por uma sustentação em nome de algum motivo-objetivo que inventamos
sem 1 por que.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011


Decaptalismo



Estou cansada 
de fazer poesia de choro hemorrágico!




Entre machado e trovão
cabeças decapitadas lambem
a violência animalesca
que não mata fome
e forma
um insentido sem fim
de micróbios malévolos.


E eu uso incompreensíveis imagens doidas
de palavras
para gritar no sussurro escrito
a verdade
que vejo
e dos olhos
corta
a
garganta
enforcada nas veias da artéria aorta.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Um gole sobrevoando o abismo

I

Hortelã na linguagem
Um gole sobrevoando o abismo da deturpação espiritual que separa o corpo da carne.

Isolamento de imagem
Um pedido para ser invisível no abismo da deturpação espiritual que separa a carne da pele.

Rendição de passagem
Um bonde do futuro a percorrer trilhos que descarrilham meus pensamentos em nome da sensação que separa a pele do arrepio.

Paisagismo em triagem
Um quadro vivo pinta com tintas sujas manequins obesos. E com dor contorna a deturpação espiritual que separa o arrepio da sensação; a linguagem do paladar; a unha da carne; o corpo da pele; a sensação do grito. E o sentido disso tudo.

II

Quatro estrofes, quatro cantos do mundo. Cantos desafinados. No desalinho do pensamento. Vozes me dizem que.
Temos 5 sentidos e não encontrei 1.
Mas Norte, Sul, Leste e Oeste são quatro. Multiplicados por + quatro, cada um em ângulos retos que dão círculo. Girando um nada-mais-importa que dá alguma "poéticagem" indizível no divisível do momento qualquer em solitude que bebe em taça algum chá com choro segurado dando nesse nada bonito. Nada que já não tenhamos visto por aí.Mais lindo se ininteligível em discurso cênico. Nonde plateia é atores especialistas na arte de aplaudir quando acabar...






E fim.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

NO THING FOR NOTHING

          Ramiro refletia sobre o que as igrejas diziam. Refletia como espelho sujo sobre qual seria a sua missão no mundo.

          Ramiro não sabia que os seus passos vagarosos atrasavam trabalhadores. Não sabia que um instante muda silente vidas mudas.

          Num dia de chuva qualquer Ebony Silva, a moça mais branca que já vi, perdeu um minuto e um carro veloz passou de sacanagem numa poça que imundou ainda quando o semáforo estava amarelo. Ela era muito sensível, para não dizer que era fresca, e foi chorar em casa sobre a roupa enlameada, a chapinha desmanchada...

           Ebony nem imaginava que seu prédio explodira naquela tarde. E Ramiro estava lá. Foi Ramiro que roubou a minuto dela.

          Ramiro roeu a roupa do rei de Roma sem saber. A missão dele era essa.

          Ele viveu banalmente. Poluiu, consumiu e produziu muito lixo. Só. Para salvar aquele instante.

          Ramiro é qualquer um de nós. Emaranhados.

domingo, 3 de julho de 2011

Filha do Pai dos Pescadores

(à Elisângela Melo)


Teus discursos em palanque de mesa de bar
transfusando ideias e ideais.

Tuas análises arquetípicas certeiras

...Lendas reais

Orixás de carne e osso se beijam
no lado esquerdo da cama
,debaixo do livro dedicado a você
que não escrevi

sábado, 2 de julho de 2011

ABRIL

           Dois mil cento e cinquenta e seis desculpas para manter o que a vida mantém em mim. A falta de escolha exigentíssima. A necessidade de ser necessária dando em nada. A escolha de ser escolhida pelo que se escolheu no final das contas. Nada. Uma porção de coisas que não dão lucro servidas em bandeja de boteco. Que não se definem nem numa história concreta para se narrar aos netos que jamais terei. O lusco-fusco. O não.


          Caem os maus concretos de uma história nada sólida recheada de aventuras. Uma, duas, três, mil. Mil e treze raízes amargas para se tragar no copo sujo do bar. Da esquina de meu país que tem palmeiras, botafogo, conrinthians, flamengo, cruzeiro, bem Real..


          Meu país tem zero vírgula cento e cinquenta e cinco (sem trema) de aumento... só de aluguel. Só neste mês. Mas que chato! Tomar raízes amargas e falar de números e sentir na língua  a vida pela garganta que quer falar, pela garganta que escreve. Símbolos ininteligíveis gramaticalizados. Subordinados. Subjetivos. Adversativos. ...


     Balela!


          Vamos é tomar uma cervejinha, botar fogo nas palmeiras cheias de flamingos onde não cantam sabiás. Que tem no estádio em construção. Eterno estádio de choque... Com mulatas louras de todas as raças em qualquer esquina do meu país feliz! Vamos chupar drops de anis! 


                 E esquecer a raíz das palmeiras. Raíz redonda. Do país sem puta que pariu.






                                                                                                                       Vanessa das Morais.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

CÉU ATRÁS

O céu realmente está bonito atrás de você. A memória sagaz da inexistência. A impotência do Íbis Amarelo Sobre o Fundo Negro na tarde funesta. Eloquência indecente. Invisível sob as estrelas. Inatingível. Mergulho no vapor alcoólico ao redor. Seu cheiro atrás da noite lá fora. Eu na incubadora. As Horas sem a morte de Virgínia. A sorte detrás do céu que está realmente bonito atrás de você. O tempo ao relento. Música para o funeral dos minutos no gosto do amor nas vozes das amantes quietas que discutem o futuro discutindo o presente no muro da festa do vizinho, na frente da sua noite.

Mudez na nudez das horas.

E na frente não tem nada. Só uma estrela. Só um sussurro. Que ainda brilha. E.M. Nosso olhar. De mar em minas prestes a explodirem o teu-meu céu.

E você realmente tão realmente bonita...Longe de mim. 
Atrás do nosso futuro. A frente de tudo.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

3:08, Stanley Kubrick


                                                                                                                                                                         
            Quis chorar toda a dor de dentro. Escorrer pelo ralo. Mas não saiu...                                                 
                                                                                                                                                                         
         Queria ser aquela linda solidão na chuva do gramado. Aquela bela fresta da janela de uma porta onde ninguém fala. Ninguém houve. Aquele inverno na ponta dos dedos. Coração quebrado.                                                                                                                                                       
           Quis ser o ralo e levar todo o choro por dentro. Quis jamais ter te encontrado. Quis ser o respiro dum sono profundo e um inespaço no mundo. Quis ser a dor que me doía. Sumir na ausência. E jamais ter amado. Queria ser aquela bela solidão na chuva do gramado.                   
                                                                                                                                                                                   

terça-feira, 24 de maio de 2011

D.R.E.A.M.


The mute mouth scream.

Dress drench of dream
Cream creeps for the hands
like sand . . .



my realiteen!

domingo, 22 de maio de 2011

Desabafo Crônico



O corpo, que tanto necessitava da disposição, a segurou na preguiça morna da manhã Outono-Inferno. Era menina e mulher que debaixo do edredon não tinha traços. Era uma delicada foto feminina sem forma.

Abriu os olhos e deixou de ser nuvem. 
(Os sonhos ainda estavam acordados)

Na manhã. Na preguiça morna. No gole do sol nos olhos. Do café fresco. Gosto do futuro no hálito de vapor. De nuvem. Fuligem na estante. Acumulando gritante a calma que pousa pelo desespero da falta de opção...

Sol interestadual a queimar. Inatingível à noite anterior de suposições. Ilusões. Cruéis como a realidade. Piores que o sentimento heróico após um filme. Um crime.

Um sol, no relógio dos olhos claros-escuros, guardado debaixo do edredon. Arquivado na vaidade de lembrar o futuro. Escuro como o gole de café no turno que é quente como o beijo de lembrar mil vezes. Mil e poucos minutos de miragem. Dunas de Santo André. Montes... Imagem de um sentimento heróico após um filme. Uma reflexão.

Levar sem tocar o que mais se sente.

Ela se ressente com essa repetição. O corpo se serve de mais uma dose de café. Doze. Treze. Mil e treze goles diários... O relógio, afastando e aproximando tudo. Os olhos, atrasando tudo. O quarto, mudo. Com o corpo gritando pelo avesso o cochicho das horas na delicada foto feminina. Fé menina.
Incensos não acesos. Daruma de olhos brancos. Brando céu. Gotas no colchão. Um monte de palavras inúteis não ditas. Calada da noite.  

Ela volta para debaixo do edredon. Ela e o corpo: levando sem tocar o que mais se sente. Sendo amor. Sendo nuvem. Sendo ela, sou eu. Ressentindo a repetição.



quinta-feira, 19 de maio de 2011

-------------------- - - - Sky Skating


Patinar com os pés descalços na tua pele de asfalto. Pisar em falso e levar com a barriga a vida de fome que permeia os maciços pensamentos que fazem a inevitável sina: ser artista.

A arte na minha conta bancária é niilista...!

Inevitável sina. Fina como a corda bamba onde se patina com os pés descalços. Circo sem pão. A negação do motorista fechando o vidro fumê. Semáforo que só diz "Pare!". Shown the show dos malabarismos estrangeiros invadindo a terra que me concebeu como clandestina. Norte destino congelado. Pernambuco, Canadá, Groenlândia.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Ídolo (acontecimento do futuro da memória)

"- Ídolo bandido ... 
Roubaste-me com beijos !


Alimentaste-me com inspiração
e a levaste ...


No desastre da tua forma de paixão
Minha mão congelada
Só escreve silêncios
de eterna negação."

terça-feira, 3 de maio de 2011

Drishti

Teu sorriso sedutor
me olha
de uma foto antiga
Sépia viva
Alças caídas
despem o gemido
no olhar desejoso
Hálito de libido
Voluptuoso
Torturoso provocar
no jogo relutante
de eternar cartas na manga
na mesa, na cama
Na tela
Vanessa te-me tocando
inflamando vela
do barco
espasmo
Orgasmo de espera
que entra pela tua súcuba janela
Como a sede de fogo
do sol
de 1013 madrugadas
amanhecendo em 
Nós

domingo, 1 de maio de 2011

Erótico alvorecer



        (à Alba Brito)


                           

O suor
    a escorrer parafina
    na pele dos olhos de menina.

A esquina da tua língua
à míngua das palavras

Ah...


             Súbto levantar no enlaçar
      da imemória
                 
                         Suspiro comestível

no cosmo da

Palha do teu
      respirar de fogo.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Santa-Sexta

Há pela cama fios
caídos de nossa cabeça
escorridos de nossos pensamentos
ao relento do tempo
que para
para ver o dia se pondo antes da tarde
que arde vermelha, rubra
Escarlate quilate da transpiração
Da carne em nossos espíritos 
a ofegar
salgado instante
do amar
da paixão
Que não olha para trás por razão.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

70 seconds

Ouvir tua voz num minuto
de setenta segundos
Segundas-feiras
Segundas cheias
Segundas intenções de espelhos
avessos ao asfalto asmático
dramático cotidiano de 
se
viver por um fio.

Frio das setentas horas que não contei
inglória
injúria
instante.
Inteiro
Distante
Amante.





terça-feira, 12 de abril de 2011

Eram três da manhã, sua bexiga urinária doía constantemente na metáfora de quase explodir. Estava tudo completamente preto. Não se via mais nada além dos número vermelhos. Rubro neon bem fininho que saía do rádio-relógio que ficava no lado esquerdo da cama como um semáforo aos olhos estafados no silêncio noturno. Olhos de semáforo. Olhos de sonífero entorpecente. Estrondos consecutivos na madeira velha no tempo. Tempo de um segundo e meio seguindo. Gabriella se chocava. Se chocava tanto tanto com a cena  daquele momento que tinha esquecido que teve um dia ridículo. E que levou um tapa na cara de uma menina esnobe de sua série passando a humilhação em silêncio. Houve uma excursão da escola. Era para se divertir. Não tinha amigos para fazer companhia. Então se lembrou que já nunca teve isso em nenhum momento. Chegou em casa de carro com seu pai dizendo que foi divertida a excursão. Não falou da humilhação. Chegou em casa. Jantou porcaria. Sobremesa de comprimido. Tomou banho quente. Se deitou. Era uma casa muito pequena. Gabriella dividia o quarto com os pais que tanto brigavam. Ela dividia a cama com o pai. Sua mãe ficava na cama de solteiro que era para ser dela desde a vez que o pai fez de novo. A menina de oito ouviu o barulho. Barulho de saco de batata. Quando acendeu a luz, sua mãe no chão gemendo de dor chorando. Tinha sido empurrada da cama pelo pai. Gabriella só tinha doze. Se espantava com o que ouvia. Barulhos na madrugada de movimentos uniformes. Gabriella presenciava embaraçada no escuro. Sentia que a mulher estava sendo forçada. Abafada pela respiração arquejante. Sentia vergonha por atos que não eram seus. Se excitou por alguns minutos. Sua bexiga cheia. Comprimida. Comprimido. Imobilizou-se com os movimentos. Era um horrível espanto que parecia frequente. Choque. Choque! Dedos enfiados na tomada com os pés descalços.
No dia seguinte tentou olhar para a mãe sem sentir nojo, sem se lembrar. Sem saber daquilo que ninguém imaginava que soubesse. A chamaram para se divertir indo para a praia, mas não podia. Sua mãe a puxou escondido pedindo para que não fosse. Se fosse se divertir, a menina voltaria sem vê-la, nunca mais, em casa. Ameaças. Gabriella chorava. Não conhecia o mar. Ficou por mais de meia hora no quarto. Quarto dividido. Passando talco no rosto para disfarçar. A turma foi embora. Foram para a praia. E seus pais começaram a brigar. Gritar. Discutir. Derrubando panelas e copos e facas. Seu coração pulsava desordenado, desesperado, como a dona. A pequena dona de nove. Seu primo, com quem foi tanto apegada, foi preso. Ela tomava calmantes com sua mãe. No ano novo. Na véspera. Dez e meia. Seus pais a mandaram entrar enquanto ela fingia se divertir com as garotas falsas da rua. Todos haviam ouvido a gritaria de sua casa. Os gritos. Os fogos de artifício tão brilhantes e tristes vistos das frestras das janelas. No natal do outro ano decidiu ficar na casa de uma irmã mais velha. e trancou-se no banheiro. Viu a esperança fraternal falecer. Ir pro céu. Enquanto havia mais uma briga. Discussões na descoberta do adultério do "marido bom exemplo".  Mais uma data comemorativa com pijamas de lágrimas. Alegria do avesso das roupas mal lavadas. Nenhuma estampa. Nenhum emendo. Nenhuma frase de amor. Nenhum sorriso sincero... Uma vez ela se apaixonou. Paixão de doer. Escreveu o nome da pessoa elegida na palma da mão com caco de vidro. Pretexto. Depois riscou. Se escondia atrás da franja nos olhos. Se escondia atrás no sorriso amarelo na boca. Das piadas excessivas. Agora já era tarde demais. Não tomava mais os psicotrópicos. Tomava álcool. Choque choque choque! Garfo enfiado na tomada. Corpo nú no chão. Sua professora da terceira ou quarta série a humilhou quando Gabriella respondeu que chapeuzinho do vovô era o acento circunflexo. Tinha nove anos.
A garota da sétima que lhe deu o tapa na cara descobriu que estava errada. Mas já era tarde. Agora era tarde demais. De submissa e risonha Gabriella passou a ser histérica. ela quebraria  seu pescoço. A internaram. Ela não queria remédios. Nem choques. Apenas compreensão bastaria. Não. Não pílula. Não fila. Não choques. Apenas compreensão. Parar e piorar. Cometeram  mais um grave erro. Só um pouco de compreensão. As coisas pioraram. e pioraram. Ela tem hoje mais de vinte, mas quinze em pensamento. Foi com quinze que a internaram. Mais de vinte. E diz que quando crescer irá fazer faculdade de psicologia para poder entender quem ninguém entende. Para poder ajudar... Choques! Choques! Choques e vísceras pulsando. Abatidamente. O sanatório deteriorou tudo. 

domingo, 10 de abril de 2011

QUARTO

Pó na pele. Suor no chão. O ímpeto da inércia se queimando como as horas no som do sino dos ventos por cima dos infanto gritos juvenis. Por ora qualquer cômodo serve. O condomínio sai do domínio. Sala, cozinha, sacada, suíte. Três quartos de hora vão embora... O incômodo está incluso no preço. Basta um. De brinde um abraço longe para ser feliz na dialética. Patética inércia cheia de ímpeto contra o abandono do síndico no meio do íntimo da tarde poética. Frenéticas crianças te matam para você poder sobreviver. Me deem cachaça sem álcool pelo amor de Deus. Me deem amor sem Deus. E Deus sem Jesus. Três vezes. No misto quente do Outono. Por favor. Cidadão dos impostos impostos a postos para partir no bonde. Onde se pega um trem para ver quem sem nenhum compromisso te quer o bem além de sua própria vida dentro da imprópria sobrevivência. Simplesmente. Complacente da violenta inconsciência. Do grudento pó na pele. Do esvoaçante suor no chão que dança sob o céu que nunca alcança.. Quarta. Quinta. Sexta-feira. Sem frutos. Injustos. Absolutos. Sexto. Quinto. Quarto. Sala. Cozinha. Banheiro. Compra-se. Complacente. Chambre-chuva. Chambre sem parar. Jamais fim. Na decência da decadência. Não. Copo, xícara, livros, revista, impressora no chão. Jamais fim.

Termina assim.

Rosa Pensamento

Pousa na prosa a rosa efêmera dos teus lábios nos meus braços quando acordo acordada, amada, largada sem os laços e toques que o espaço largamente distante desfaz no instante.

domingo, 27 de março de 2011

a João Cabral de Melo Neto

I. Passagem andreense

Mia na corrente aérea monoxidal de minha cidade
o desejo espesso
do sangue de mulher

Uma vez por mês
de todos os dias
A miséria amarga
esquecida
em magra cadeira de padaria

O fino luxo. Esbelto de fome.
Anônimo nome que pesa menos
que a pena de avestruz
que mede menos que o coração

Encargo diário descendo
como rios de chuva
mar de morros
Lava. Lama. Love.

Move como urubu sem pêlos
a pousar na sorte final
dos pesadelos

Corrente pluvial do Rio
da Av. dos Estados
Momentâneo mangue do dia seguinte

Também limita as vidas
passadas pela presente vinda
enchurrada 
no amarrar da existência

Amar o futuro acima de tudo
Acima das seguras pontes altas

A falta
Mia nos telhados dos apartamentos
Mia
A inspiração poética miserável
que pira, que dorme
na insônia depois do cotidiano agitado

Dorme calado. Dorme-se. 
Conforme se consegue.

II. Paisagem andreense

Três estações diárias
compondo lendárias histórias
reais que formam crônicas
de poetas regionais
Liberais conservadores
salvadores da cultura dissolvida
surfadores da chuva sem saída
No resolvido caráter ideário
imaginário sonhar
no itinerário do trem
que vai e vem 
mas que não chega menos
além de antes de Paranapiacaba.

Lendário cambuci nada inglês
na vila de casas de cores
e amores uniformes turísticos
evaporando lembranças jovens
que transpiram asfalto cinza
grafite
como o ar que respira
a asma secular de vinte e poucos anos

Profanos sonhos de alma humana
a de possuir
vida simples na complexidade urbana

Na neblina que bate suave
mas toca igual
Na chuva que sobe escancarada
e sorrateira
Como vil metal

No pensar que desce e sobe
com o sol que pinta sem tinta
o céu, animal no alto do morro
de qualquer bairro
central ou suburbano 
sub-urbano lateral
Das mesmas nuvens que sobem cinzas
como o copo sujo do bar
do trabalhador que toma uma,
ou duas, ou três para aguentar
na anestesia da lama sem mangue
No barraco de pau sem pique

Templos egípcios latino americanos 
nada indianos, nada índios , nada europeus
nada negros nem amarelos
E de todos.

III. Cotidiano de raíz

Uma fruta irrefuta à essência
miscigenada, dita misturada,
mas de nada mesclada,
é o gozo da prostituta
num dia de muito lucro
no sorriso miserável
para seguir adiante
no script coadjuvante 
do papel social
nada reciclável.
Social vida de novelas ideais
que cada dia mais
faz o capítulo
com a expectativa de fazer
sobreviver a parcela
da inevitável existência
Da espessa linha de ônibus intermunicipal
carretel no tricotar obrigatório de haver
de ser...

Essências de desejos menos
espessos que o sangue
do homem que valeria menos
o miar soturno no telhado
das casas simples
que habitam famílias complicadas
na mesma necessidade de existir
de não se extinguir
não se sabe por que.

E eu como flores e cheiro frutas
Bebo gotas no guarda-chuva
Que as árvores abortam
De semente que não semeia

Eu não broto
Eu não semeio
Eu exalo
(como plantas no ralo)
Eu não tenho raíz.


sexta-feira, 18 de março de 2011

ònà



Fulano de Tal patinou por toda a estrada horizontal-oval. Até que se deparou com uma encruzilhada. 
Pensou "que pessoa mais ferrada eu sou... patino no meio do nada e encontro caminhos que exijam escolhas determinantes na estrada!"

Então decidiu invocar alguém para ajudar na determinante escolha. Pensou em invocar Exu por causa da encruzilhada. Mas, segundo depois, pensou em Orunmilá para ter melhor sabedoria na decisão.

...
...
...

.
.
.

Pensou.... Pensou... Oscilou. Voluvelmente...

Num repente, dentro das versões de caminho a ser decidido e as decisões de quem levaria Fulano de tal para o caminho mais seguro, veio uma borboleta que se transformou em sábio chinês. Esvoaçante cédiço indicou o caminho pedido para que fosse seguido.

Com o decorrer do caminho escolhido, Fulano de Tal começou a reclamar...E reclamar...E reclamar...

Então a borboleta pousou no ombro dele pelo deserto silvestre e disse:

- Te mostrei o caminho mais seguro, não o mais fácil.