sábado, 2 de julho de 2011

ABRIL

           Dois mil cento e cinquenta e seis desculpas para manter o que a vida mantém em mim. A falta de escolha exigentíssima. A necessidade de ser necessária dando em nada. A escolha de ser escolhida pelo que se escolheu no final das contas. Nada. Uma porção de coisas que não dão lucro servidas em bandeja de boteco. Que não se definem nem numa história concreta para se narrar aos netos que jamais terei. O lusco-fusco. O não.


          Caem os maus concretos de uma história nada sólida recheada de aventuras. Uma, duas, três, mil. Mil e treze raízes amargas para se tragar no copo sujo do bar. Da esquina de meu país que tem palmeiras, botafogo, conrinthians, flamengo, cruzeiro, bem Real..


          Meu país tem zero vírgula cento e cinquenta e cinco (sem trema) de aumento... só de aluguel. Só neste mês. Mas que chato! Tomar raízes amargas e falar de números e sentir na língua  a vida pela garganta que quer falar, pela garganta que escreve. Símbolos ininteligíveis gramaticalizados. Subordinados. Subjetivos. Adversativos. ...


     Balela!


          Vamos é tomar uma cervejinha, botar fogo nas palmeiras cheias de flamingos onde não cantam sabiás. Que tem no estádio em construção. Eterno estádio de choque... Com mulatas louras de todas as raças em qualquer esquina do meu país feliz! Vamos chupar drops de anis! 


                 E esquecer a raíz das palmeiras. Raíz redonda. Do país sem puta que pariu.






                                                                                                                       Vanessa das Morais.

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