Derniére anée de la faculté. Cheguei atrasada numa palestra de filosofia básica para acadêmicos. Me injuriei, assinei a lista de presença e fui embora. Ia ver Mônica Rodrigues em Diadema City. E fui.
Sentei num banco do tróleibus no lado da janela. Tinha um cheiro de mendigo lá. Não tampei o nariz, eu pensei: é isso que nós somos.
Peguei outro ônibus na outra estação. Sentei na janela. Sentou uma velha gorda do meu lado. Com ela veio um odor de genital mal lavada misturado com sabão em pedaço. Ela segurava com as duas mãos o ferro do banco da frente como se não tivesse equilíbrio algum e como se aquilo a protegesse de um acidente ou freiada forte. Suas unhas tinham esmalte escarlate saindo, descascado em todos os dedos. Mão enrugadas. Sentindo seu cheiro pensei: é isso o que somos. Vendo suas unhas pensei: E para que a vaidade escarlate? Que sentido faz?
Seu cheiro e o abafado do fim de tarde me faziam achar que estava comprimida à janela, mas não estava. Sua coxa esquerda estava colada à minha coxa direita,, e estava suada. Parecia que eu estava comprimida, mas não estava.
Finalmente levantou do banco e desceu. Com ela não foi todo o cheiro. Parecia que o banco exalava a presença que o ocupou. O abafado de fim de tarde, o banco que fedia a genital mal lavada, o banco do tróleibus que fedia a mendigo. Eu sentei no colo do mendigo. Eu toco na mão do mendigo e do criminoso quando pego no fone do orelhão. Quase sempre, quase sempre ...
Qualquer um que não tome banho terá aqueles cheiros. Cada um que use sabão em pedaço ou Jean-Paul Gautier.
Não evitei, sentei no mesmo banco que aquela mulher. É isso que nós somos. Me senti G.H.
segunda-feira, 22 de março de 2010
quinta-feira, 18 de março de 2010
sexta-feira, 12 de março de 2010
Um cego mascando chiclete...
11/03/10 [en la faculté]
Não me segurei como o costume quase diário. Ele caiu da mente absorta pra essa mão esquerda que se enclausura no desafio de 'não-agenda' em dois mil e dez, o amor.
É mais fácil que eu cale a boca e endureça a língua do que que não escreva absolutamente nada, nem sobre besteiras que fico a pensar muitas vezes.
Eis-me aqui: morrendo nesta folha de fichário que teria a sorte de ter o preenchimento quase que desinteressado sobre alguma aula. Pourtant, desde os meus doze anos, eu ouvi dizer que não se pode prever o que é mutável ..
Mesmo tendo tal consciência, tive que errar muito pra perceber que não devo afirmar com tanta veemência as coisas.
Um exemplo? O amor.
O famoso amor que é um cego mascando chiclete e ignoramos. O famoso amor que faz os adolescentes se acharem poetas. O mesmo amor que pede provas, sendo ele um inevitável infinito-abstrato.
Como podemos jurar o sempre? Por isso que agora dizemos conformados que 'o sempre acaba'.
Somos lindamente hipócritas pelo hipnotismo. É lindo jurar por daqui a dez anos só porque parecemos sentir por mais de uma vida...
Não sabemos o que vamos comer amanhã, mas temos certeza plena daquilo que haveremos de sentir pro resto da vida... Por causa do momento.
Que eu seja 'dura, 'amarga', 'rude', mas hipócrita jamais.
Não que seja hipócrita aquele que não enxerga por não enxergar, mas se viu, aliás, se ouvir, com a própria voz que é feita na cabeça quando lê as palavras minhas, e se permitir ser cego vendo... Eu-não-perdoo.
Não prometo mais o que não sei. Você promete?
Posso dizer que amarei pro resto da vida quando souber que hoje morro. Et quelque autre chose.
Não me segurei como o costume quase diário. Ele caiu da mente absorta pra essa mão esquerda que se enclausura no desafio de 'não-agenda' em dois mil e dez, o amor.
É mais fácil que eu cale a boca e endureça a língua do que que não escreva absolutamente nada, nem sobre besteiras que fico a pensar muitas vezes.
Eis-me aqui: morrendo nesta folha de fichário que teria a sorte de ter o preenchimento quase que desinteressado sobre alguma aula. Pourtant, desde os meus doze anos, eu ouvi dizer que não se pode prever o que é mutável ..
Mesmo tendo tal consciência, tive que errar muito pra perceber que não devo afirmar com tanta veemência as coisas.
Um exemplo? O amor.
O famoso amor que é um cego mascando chiclete e ignoramos. O famoso amor que faz os adolescentes se acharem poetas. O mesmo amor que pede provas, sendo ele um inevitável infinito-abstrato.
Como podemos jurar o sempre? Por isso que agora dizemos conformados que 'o sempre acaba'.
Somos lindamente hipócritas pelo hipnotismo. É lindo jurar por daqui a dez anos só porque parecemos sentir por mais de uma vida...
Não sabemos o que vamos comer amanhã, mas temos certeza plena daquilo que haveremos de sentir pro resto da vida... Por causa do momento.
Que eu seja 'dura, 'amarga', 'rude', mas hipócrita jamais.
Não que seja hipócrita aquele que não enxerga por não enxergar, mas se viu, aliás, se ouvir, com a própria voz que é feita na cabeça quando lê as palavras minhas, e se permitir ser cego vendo... Eu-não-perdoo.
Não prometo mais o que não sei. Você promete?
Posso dizer que amarei pro resto da vida quando souber que hoje morro. Et quelque autre chose.
terça-feira, 9 de março de 2010
Inutilidade no meio da tarde.
Dizem que o dicionário é sempre útil. O meu sempre é às vezes em quase tudo. Quando não é às vezes, já acabou.
Eu quis cura. Restou procurá-la no dicionário.
A cura lá é ato ou efeito se curar(-se). Curar é restabelecer a saúde (de).
Ter saúde é estar em bom estado físico e mental cuja qualidade vem do que é são ou sadio. Ser são é ser aquele que goza de boa saúde. E o sadio também.
Pensando que quem tem a saúde reestabelecida, o curado, se opõe ao doente, acabei vendo que o doente não é aquele que não é curado, mas aquele que tem doença. Débil, fraco, enfermo. pop Apaixonado.
Espero nunca dizer que o dicionário da língua nativa é um companheiro de masturbação mental. ..
Eu quis cura. Restou procurá-la no dicionário.
A cura lá é ato ou efeito se curar(-se). Curar é restabelecer a saúde (de).
Ter saúde é estar em bom estado físico e mental cuja qualidade vem do que é são ou sadio. Ser são é ser aquele que goza de boa saúde. E o sadio também.
Pensando que quem tem a saúde reestabelecida, o curado, se opõe ao doente, acabei vendo que o doente não é aquele que não é curado, mas aquele que tem doença. Débil, fraco, enfermo. pop Apaixonado.
Espero nunca dizer que o dicionário da língua nativa é um companheiro de masturbação mental. ..
quarta-feira, 3 de março de 2010
...
É o Silêncio...
É o silêncio, é o cigarro e a vela acesa.
Olha-me a estante em cada livro que olha.
E a luz nalgum volume sobre a mesa...
Mas o sangue da luz em cada folha.
Não sei se é mesmo a minha mão que molha
A pena, ou mesmo o instinto que a tem presa.
Penso um presente, num passado. E enfolha
A natureza tua natureza.
Mas é um bulir das cousas... Comovido
Pego da pena, iludo-me que traço
A ilusão de um sentido e outro sentido.
Tão longe vai!
Tão longe se aveluda esse teu passo,
Asa que o ouvido anima...
E a câmara muda. E a sala muda, muda...
Àfonamente rufa. A asa da rima
Paira-me no ar. Quedo-me como um Buda
Novo, um fantasma ao som que se aproxima.
Cresce-me a estante como quem sacuda
Um pesadelo de papéis acima... ......................................................................
E abro a janela. Ainda a lua esfia
últimas notas trêmulas... O dia
Tarde florescerá pela montanha.
E ó minha amada, o sentimento é cego...
Vês? Colaboram na saudade a aranha,
Patas de um gato e as asas de um morcego.
( Pedro Kilkerry )
segunda-feira, 1 de março de 2010
Mélange
Uma melancolia profunda domina o céu. Sinto-me 'a mulher mais feliz do mundo' e a garota com a maior tristeza vaga e persistente ao mesmo tempo. Tempo que chove fino. Chuva de outono no verão que faz flores aromáticas invisíveis brotar na neve inversa de meus cabelos ...
Vapores de pulmão asmático exalam essa inércia. Uma agitação entorpecida que faz parecer engraçado tantas antíteses que não são contrárias, mas um único elemento miscigenado que ainda não deram nome.
Vapores de pulmão asmático exalam essa inércia. Uma agitação entorpecida que faz parecer engraçado tantas antíteses que não são contrárias, mas um único elemento miscigenado que ainda não deram nome.
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