segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Whisky com guaraná e gelo


Sei que levo carimbo de boi invisível no dorso. Sei que tenho marcas por tanto ímpeto que me vem como explosão dentro de mim, desde sempre. Eu sei que sou um exagero que prega o meio termo. Mas só desejo num querer tamanho até então.

A incerteza do talvez amarra minha garganta. Torna minha língua incapaz. E a boca sela a mente absorta colada na parede do quarto como foto antiga de uma lembrança inexistente.

Queria saber desenhar de verdade para não ter que falar palavra. Eu queria sabe pintar todas as cores só com grafite de lapiseira. E então jamais simular revelar o inexplicável com a inexatidão de uma metáfora.
Eu queria não ter olhos por um décimo de segundo. Nem jamais quis ver o que fala a boca dos olhos de um gesto quando ele dói.

Ainda assim, quando em silêncio fico com almofada comprimida à face. Achava eu que o silêncio era pros sábios. Mas quando silencio, solto; quando falo mato.

Talvez a sabedoria não esteja no silêncio, mas nas horas certas de falar e se calar.

Se calar não é ficar em silêncio. É não dizer.

domingo, 6 de dezembro de 2009

É madrugada. Qual é meu mérito de estar em pé antes do sol raiar, e qual é minha vergonha de sentar antes do almoço se não há motivo, nem platéia?
De que vale a impecabilidade sem palco? Muito. Mas esse muito cansa às vezes. E "às vezes" é muito e muito quando parece não haver sentido nenhum nisso.

"Montanha Mágica" fascina.
Eu quero um dia e sol e um copo d'água.

Não sei se meu pai vive. Minhas falas de que tive traços de ensinamento de secura e observação oriental me perseguem aos lábios até nos sonhos. Só nos sonhos pra que eu diga algo por estes dias...
Não tenho dito tanto a ninguém.
Me foi ferida exposta ver meu pai sem me ver. Numa cama encurvada como num campo de concentração de operados de peito aberto.
Desejaria eu ter o peito aberto sem saber dizer "eu te amo".
De qualquer forma julgo ter a dor te ter sabido (e isso ser vão), e tenho que disfarçar um pouco.

O pouco é quando vejo alguém. E tenho evitado ver pessoas.

Tenho que dizer que está "tudo bem", mas acabo não dizendo porque não sirvo pra isso. Meu pai servia, mas nem me reconhece... Meu pai só quer dormir. E eu nas madrugadas estranhas em meu quarto... Que vem mudado muito, e eu talvez não.

Minha mãe tinha ciúmes de meu pai quando eu era criança. Agora ela acha que faz mais por ele que eu.

Não sei medir ajuda, quando não se pode fazer nada. Não sei rezar, tampouco julgo saber agradecer.

Julgo ter mais do que mereço, mas não sei não ter se já tenho. Não sei senão que ter um pai cruel é pior que ver a crueldade franca de seu pai olhar disperso em seus olhos cheios de fios e agulhas e não saber quem és tu.

Como posso dizer isso a quem esbarro na rua? Não posso porque não é necessário. O mundo não pode parar porque algo na vida para. Mesmo que o mundo seja parte da vida e a vida parte do mundo. Não pode. E dói. As pessoas giram. Não sou muito. Nem nada pros outros e massa pro mundo, mas ele não para porque estaciono meus pensamentos absortos no não-reconhecimento, nas não-façanhas... Je ne sais pas.

Há um fogo absorto que queima sem arder as pontas de meus dedos sem brasão. Só escudo sem sentido. Sentido. Que queima sem arder.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Ao nosso querido Ms. R. Willians...

Ah... Não que eu venha a estudar a etimologia das palavras, mas, até onde posso notar, "stripper" é um termo da língua inglesa e não da latina. Dá para notar, será?
Bem, se dá, se é tão óbvio que "stripper" é um termo que melhor se encaixa nos EUA, não tenho tanto a dizer sobre isso. (Inclusive os poetas americanos e os celebridades "pop" em seus saraus cheirariam mais de mil toneladas numa unica noite nalgum sarau daqueles atores que fazem filme e não arte..).

Ah...