domingo, 9 de agosto de 2009

Parte II

Insano é saber que ainda há a possibilidade de ouvirmos que tomar banho todos os dias tira a proteção que possuirmos naturalmente em nossa luz. Insano é achar normal dizerem que quando uma pessoa é mal-tratada é tratada como "um animal". Mais insano é tudo que escutamos diariamente nos jornais com naturalidade.

(suspiro)

Mas a insanidade da humanidade não me livra das minhas loucuras. Só não consigo ser louco para mim porque me compreendo nitidamente.

Cheguei até a achar que não me era tudo evidente a partir de quando comecei a ter subtamente o desejo de dormir para sempre, mas sem fenecer. Até cheguei a achar isso quando eu desejava que os banhos quentes nunca cessassem com seus vapores oníricos em meu corpo, em meu nariz e pele, até meu sono.
Eu poderia largar tudo e passar o resto de minha vida na dormência de um longo banho quente e acreditaria ser esse meu paraíso se o "paraíso" não fosse feito para a morte.

Perceber sem notar é o que dá a muitos o "poder" de chamar essa vontade subta e indizível de nada transformada em sono de depressão. Ficamos então sem interpretar isso, e palavras são signos interpretativos, são imagens auditivas. Não podemos achar que é fácil desenhar um som. Por mais que o próprio ser humano, criador da palavra, diante sua necessidade, tenha criado símbolos para "vermos" a palavra. Ela é permanente sonora. A leitura é uma técnica para "vermos" as palavras. Quando lemos em voz alta: falamos; quando lemos sem dizer nada, a nossa leitura torna-se uma voz em nossos pensamentos. A voz move o corpo antes do olhar porque ignoramos essa percepção. O olhar sabe sem ter a necessidade de definir o pensamento.

Quando essa nossa "voz" diz algo em nossa mente sobre algo, chamamos de pensamento, talvez até de "planos". Quando sabemos sem essa voz, chamamos de "instinto", de "inconsciente".

Saboreio fatos quando transformo meus instintos em palavras. Assassinato é o nome que poriam se soubessem de pelo menos uma história obscura minha, mas isso prefiro manter como indizível. Não, não por ser mais cômodo, não dá para buscar comodidade sempre nos caminhos da vida porque viver é difícil desde o princípio. Por mais que vivamos a nos sacrificar para a ostentação de algo que nos sacie, não há mais samurais...
Prefiro manter como indizíveis os atos que puseram os detalhes somente a meus olhos após a sensação das mãos e da espinha dorsal em batimentos cardíacos ofegantes... Porque tudo aquilo que eu usasse para definir em palavras soaria como justificativa, ou narrativa barata, da somatória de causa e consequência. Não entendo porque a necessidade humana de justificar seus impulsos existe.



Então, entenda, que somos pecadores pela nossa consciência, mais que pelos atos.

Tenho consciência de que um tiro certeiro é só suficiente para matar ou que um soco bem dado torna-se ínfimo quando nomeamos nosso desejo por "instinto". E por instinto ouve-se crime de onze facadas, cinco tiros e espancamentos.

Com tais peculiaridades criamos um grande receio sobre o instinto enquanto o grande perigo está no portador dele.


Um famoso velhinho austríaco não se contentou em engravidar a filha dele uma vez . Sete fora o seu número. Divino & sagrado. Ainda assim o velhinho dvide a cela com um outro homem que deu onze tiros na ex-mulher.

O que ambos têm em comum é o fato explicitamente indelével de alegação acidental.

Um tiro, o primeiro, não foi acidental... Os outros é que foram, mas é mais provável dizer o contrário.

Por mais que dividam a mesma cela não deveriam estar no mesmo lugar. O fulano que deu onze tiros foi movido pela força de sua adrenalina; o velhinho não. Ele usufruiu lentamente de seu poder carcerário ...durante longos anos. Lentamente... São atos puramente distintos, deveriam ocupar lugares distintos também.

A tal da justiça põe como igual o que tiver o fim igual (tirando a nós mesmos enquanto vivos). Não interessa como se mata, a morte é o final das contas.

A adrenalina é quente, a lentidão é fria.

Preciso apresentar isso de forma detalhadamente analítica sendo que é clara a diferença daquilo que é frio praquilo que é quente? Então, não valeria a pena dizer que a funcionalidade de um serial killer e um médico é motivado pelo mesmo objetivo. Sim, ambos têm vidas em mãos, ambos podem ser consideravelmente motivados pelo prazer do jogo de ter uma vida em mãos em determinados momentos. O prazer de ambos está no jogo, não na finalidade. Por mais que um médico possa ser tão canalha quanto um criminoso, ele é mais podado, tem sua imagem constituída pela roupa branca e o "prezar pelo bem da humanidade" enquanto o outro é abertamente funcional para o papel de um mau-caráter. Tenho o consciente papel de um Dr.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Relato de um Assassino

[] Parte I


Todos os dias prometo ser melhor no dia seguinte... Eu poderia matar mais.. Se já não estivesse morto. Usufruo disso.
Se tem algo que podemos mostrar convicção é sempre sobre nós mesmos, principalmente quando isso é composição bem sucedida de hipocrisia.
Nunca ficou de ressaca? A sobriedade humana não nos livra disso.
Eu sou Deus sem bíblia e ninguém me prega, ninguém me praga. Estou na escuridão, tenho a ilusão de que mostrar através de mim o que possuo de conhecimento posso contribuir positivamente para o mundo. E, ao mesmo tempo, tenho consciência de que os pequenos detalhes afetam mais a mim que aos outros porque tenho consciência de que mais simples não é mais fácil.
Minha dor tem peso sobre minha carne, minha consciência já não sei.
O que é abstrato pode ser incessantemente distribuído, e com isso, infinitamente carregado. Por isso os templos fazem tanto sucesso. Também sou fascinado por rituais.
Orgias mentais consomem sutilmente através dos vícios. Cinco mãos em um coração. O desespero fascina o fardo de algo.
Nasci bem antes de agora, mas só agora me carneio oficialmente. É difícil entender, mas o que torna impossível é o força de sua vontade.
Justamente por isso fujo do tempo. Por condição humana é mais condizente que fujamos do que não nos encaixamos do que nos adaptarmos mutuamente ao que não nos pertence verdadeiramente.
Pelo darwinismo social sou espécie em extinção. Sou girafa de pescoço curto. Andorinha querendo fazer verão.
Quando matei, matei pensando nisso; quando violentei, violentei pensando nisso: que eu seria culpado mesmo antes de ter feito algum crime, porque eu tinha consciência de tudo, e isso me tornaria condenado de qualquer forma. Mas eu cumpri meu papel social e isso à sociedade basta.
Antes do primeiro assassinato, eu era condenado por não cumprimentar a todos todos os dias. Era condenado por discordar, por pensar no que não era permitido. Eu tinha o instrumento da inquisição introduzido no meu ânus do mesmo modo que você pode continuar a viver muito mais tranquilamente se ignorar tudo isso.
A dica para se viver bem é simples: toda vez que se deparar com algo que não o agradar e puder evitar, evite. Evite e seja feliz! Garanto qe nem sentirá o instrumento inquisitório introduzido no seu ânus.
Estas minhas palavras serão este instrumento cujo nome desconheço. De qualquer forma não é importante. É ignorável.
Todos os dias prometo ser melhor e falho, mas consigo cumprir meu papel e ser humano. Acordo sem as dores da insônia, mas com a ardência do primeiro tapa na cara.
Fui uma criança dócil, mas todos estes dias de infância eram amargos. Eu levava tapa na cara, mas era tão dócil e sorridente.... Era tanto que esse virou o meu papel de figurante. Inclusive é mentira que eu levava tapa todos os dias, disse isso só para dar convicção àqueles que buscam traumas passados para justificar os atos cometidos. É muito simples explicar erros futuros, mas não dar a receita das coisas boas chamando-as de "dom".
Eu quis justificar minha natureza com os galhos secos das árvores balançando ao vento gelado da manhã mortífera de outono, mas sou do fogo, nasci de uma febre.

Gosto de brincar com metáforas pela capacidade que elas têm sobre a série de interpretações que podemos tirar delas.. . Tenho consciência e isso me torna pecador, mas me divirto com aqueles que sentem culpa sem terem a verdadeira consciência. Como é possível? Pensava eu quando garoto. Agora penso que nem tudo vale a pena ser pensado e que nem tudo que é pensado vale a pena de ser dito.
O que acontece é que algumas pessoas crentes na filosofia de que simples é sinônimo de fácil concordam plenamente com isso se de uma rajada ouvirem, mas não porque pensam, têm orgulho de dizer que têm preguiça porque o almejado no viver é a preservação do conforto.
Inventaram Deus para explicar o que não descobriram como se faz? Não encontramos o concreto por detrás da obra, então, vamos nomear o abstrato! Assim poderemos dormir mais tranquilamente. Fecha áspas humanidade.
Todos os dias durmo sentindo-me mal-sucedido. Venho pensado em viver em viver à base de cafeína crua. Ainda assim estou com as mãos limpas, jamais me suspeitaram, por isso sou do fogo.
Penso em cafeína crua. E destilada... Penso em Deus também. Nem Ele que é feito para consolar o inexplicável definiria...
Eu poderia alegar insanidade mesmo tendo uma calculada consciência de tudo. Eu poderia. Porque o que digo pode ser um bando de absurdos. E o caminho mais próximo da loucura é pelos absurdos, não pela insanidade. Diante disso, alegaria insanidade sem estar insano para me salvar. Afinal quem tem que estar a salvo... ?
Um insano é um absurdista inconsciente e o inconsciente nem sempre salva, aliás, o inconsciente gera riscos e nos desafia o tempo inteiro a um duelo desproporcional.