sábado, 23 de outubro de 2010

Belle






















Déni de Dieu déni du diable

incapable d'être coupable
tu es belle
indéniable
Tu es belle comme la mer et la Terre
avant la prolifération humaine
Et pourtant tu es femme
Tu es belle comme le vent qu'on ne peut voir
belle comme le matin et le soir
Tu es belle et tu n'es pas la seule
Tu es belle entre les belles mais dans la ribambelle
des belles tu n'es pas l'étoile
Tu es l'une d'elles
la mienne
et pourtant tu ne m'appartiens pas
Mais tu es la seule île déserte
où je pourrais vivre avec toi.



- Jacques Prévert -

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Sonho

Não era para eu ter dormido nesta manhã. Matei trabalho por inconsequência... Mas isso me proporcionou a visão do vídeo mais lindo de minha vida.


Eu mexia no computador. Estava numa mesinha que ficava entre a cozinha e a sala dum lugar que eu morava. Cozinha do lado esquerdo, sala do direito. Mãe na cozinha; irmão na sala. Sem querer, clickei no Skype e liguei para Ela. Ela estava off. Eu nem sabia. Então disse por mensagem que estava fazendo um trabalho acadêmico. Envergonhada pelo incidente,, eu não sabia o que fazer. Minha mãe na cozinha, o cara na sala.. O som do computador estava nas caixas de som, fui correndo pôr um fone. Alors, Ela pôs um vídeo na tela, me pegou de surpresa. Ela linda, muito linda com uma vergonha dura sobre sua beleza. E o vídeo carrega:

Folhas, árvores de mata ou bosque. Digo alguma coisa e ela responde algo como "porque eu te amo". Cena linda. Alors, aparece em sua casa naturalmente com aquela dureza íntima no semblante. Sua irmã toma conta da cena e fala comigo. Comento, com meus pensamentos transpostos em fala, que são parecidas com cabelos, roupas e olhares distintos. Alors vejo as outras irmãs. Com aquela 'parecidisse estética' que só irmãos consanguíneos têm. Mas Ela era (e é) a mais bonita e bela e linda de todas... Então o vídeo continua. E uma das cenas era de duas negras fazendo amor. E mais que seus olhos as bocas eram mostradas e o prazer se via nelas. Nos vi. Vi as expressões lá. E fiquei boquiaberta. Depois uma outra cena linda que se desmanchava. Era um vídeo muito bem produzido. E eu estava tão maravilhada que voltei o vídeo antes mesmo de ele acabar. E voltei, e voltei.. Até que havia compreendido melhor o que era dito na primeira cena. Alors reparei que ela estava 'vestida de mim'. Com uma das camisas listradas e blusa fina por cima, mas uma calça preta que não tenho. E tentei compreender o motivo de Ela ter se vestido de assim em tal cena. Eu revia as cenas sem conseguir chegar no fim, tanto era o misto de ansiedade com maravilhação...

Mas infelizmente não me lembro mais delas, só lembro que foram as imagens mais lindas que já vi... As mais magníficas...

Ainda estou maravilhada, mesmo sem me lembrar... E mais apaixonada.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Divina Tragicomédia Humana ou FILA DO BANCO

"...As pessoas são cômicas. Não sabem fazer fila... Parecem imãs que grudam no rabo do último. E sempre procuram encostar o corpo em qualquer canto.
Acho que o primeiro bípede que lutou contra a gravidade está desapontadíssimo.
Deixaremos de ser bípedes...! Sim..."

- Próximo! Documento de Identidade. Assine aqui, por favor... ... ... ... . . . Não há saldo.

domingo, 17 de outubro de 2010

Carta a Ninguém ou talvez a um Suspiro.


Iniciei a leitura de Crime e Castigo. Uma breve homenagem sobre o que sinto.
:Crime por pensar demais. Castigo pelas consequências dos atos que se transformam a partir desses pensamentos...

Talvez.

Encontrei mais um amor correspondido nessa madrugada, na minha vida.
E as pessoas são tão humanas que para amar devemos ter estômago antes do coração.

Crime por pensar. Castigo por acreditar no que se pensa. O Haver.

Estou a sentir novamente a pulsação enérgica vital de meu espírito em mim. E essa força imanente chega além de minha pele às vezes tão flor...
Como Love Bizare Triangle ...

As energias da argumentação não estão repostas com meu silêncio gostoso na língua.
E essa subjetividade não importa tão intensamente a ninguém além do Suspiro sentimental por mim.

Crime de sentir. Castigo por pensar (n)o que se sente.

Olho pro cortes de minha mão. Lembro, depois, penso. Venho machucado tanto essa mão. Tamanha é minha pulsão...
Como alguém tão gauche concentra sua força no lado direito?

Quem sou eu afinal, além de mim?

Aproveitei um pouco dessa imanência de espírito e pedalei ao vento atmosférico do meu corpo. Movimento sob nublação asfaltica. E as árvores que derrubavam suas folhas em mim me fizeram lembrar do amor inesquecível de Ossain.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Ela. Aí. Né?


Ela aí tão longe... E meu silêncio faz a distância de milhas de estradas em construção. Tem linda alma poética. Beleza significante. Simples em complexo olhar negro-enigmático.
Seus olhos que desviam não são os mesmos que transpiram os sussurros que terei... Uma inexatidão com toda a certeza.
Ela aí. Eu aqui. Elaí, né? Suportantando meu francês de subúrbio inventivo. Ma. Um anjo. Ciel...
Eu aqui tão perto de tudo. E de nada que te alcança.
Meus jovens passos patinadores. Seu olhar nuvem que me traz o chão novamente.
'Seu' não... Dela.
DEla lá. Ela... Elaine.

sábado, 9 de outubro de 2010

Mágica

Um som de gaita de foles grita oʃanguian obàluáyê eueu assa. Penetra fundo uma sonata-romance.

O-Daiko compõe o ritmo que bombeia o mais íntimo vermelho duma alma impenetrável. Escala espírito. Partitura no cume da caixinha sem fundo dos pensamentos.

Sussurro.

Discernimento.

Martelo.

Bigorna.

Cortina de sinos.

Vento.

Que me deixa muda depois da sinfonia

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Escola.

Ontem. Estava eu submersa no mais raso de mim, subindo as escadas. Boca colada. Cenho fechado.
Crianças desciam.
Me afastei. Mal humorada.
De repente uma menininha me cutucou, olhou em meus olhos e disse "Você é muito bonita".
Totalmente surpreendida.. Ainda sorrio de boba diante da magia que só as crianças possuem.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

[fragmento vermelho na memória]

O canto de Ossanha na boca de Vênus gritando Evoé.

Pintando Orixás

6h27. Três horas de lapso negro. Alguns chamam isso de sono.
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O canto de Omulu ecoa no martelo-bigorna de minhas mãos.
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Um moço que dançou ʃangô na boca lasciva de meus olhos..
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A explicação de uma carta inexplicável no meu pulmão.
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Ewa tem uma lágrima na pintura da bolsa de flechas.

. . .

O hálito da boca de meus olhos cheia de éter pela madrugada pinta a parede em branco numa conversa a distância.

Uma lágrima. Uma flechada. Me cubro de palha. E danço inerte as imagens dançadas.
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Sento num pedaço de tronco sem vida para esquecer as lembrancas dançantes enquanto crianças criam nuances histéricos.


Sou omulu sem palha. Com muitas flechas.