sábado, 18 de dezembro de 2010

Sonoridades, sentimentos e antíteses

Sonoridades, sentimentos e antíteses. Sempre fazem graça na beleza entrelinhada das imagens e sabores paridos pelas palavras.
Escrever é como nascer e morrer. Um ato de solidão única. É o contorno das sombras da alma e o sabor da pele dos sentidos...

Um ato que, muitas vezes, não serve para nada, mas que é inevitável. Tão inevitável quanto se sorrir de paixão e se alterar de raiva.

E no final das contas, escrever sobre o ato de escrever é sempre patético.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Ensaio

Quis, queria e temo ainda querer saber algumas coisas... Bêbados que expulsam suas putas grávidas, nordestinos que constroem edifícios e famílias, vão embora sem terminar, babás que espancam recém-nascidos e alguns assistentes sociais que descobrem casos óbvios.

Chove. E eu penso em beber toda essa cidade com muito éter para melhor pensar sobre o mundo. Passo na sala que passa Brasil Urgente, que de tão urgente, repete as mesmas informações, e recordo de Dostoievsky. Várias prosas russas de outra época refletem esse contemporanismo afetado. Às vezes vejo flores no asfalto.

Às vezes observo nossas vidas e enxergo um grande ensaio com muitos intervalos comerciais que nos fazem comprar produtos que nos dão a sensação de vivos. Um ensaio da vida dentro dela. Um ensaio onde alguns se dão ao luxo de não serem figurantes. Uma redoma. Um ensaio onde só acordamos quando sonhamos. E sonhamos para almejar a vida dentro da vida enquanto ensaiamos...

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

(Insônia paulistanesa)

Meu travesseiro é feito de penas de anjos urbanos e pombos sujos. Penas das mais variadas. Mas meu pescoço dói.

Minha nuca pensa "para que tanta pena meu Deus?"
Porém meus braços não perguntam nada. Só querem você.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Sêmen te.

Mais um filho inexistente dói no útero da puta que me pariu. Dor que desconheço... E que, confesso, às vezes tento compreender melhor, além das teorias...Mas minha empatia não alcança.

Mais um filho me faz ter o coração abalado. Me faz ter os olhos ardidos mesmo em noites sem sol.

É o aborto que nunca entendi o porquê de não ter sido feito em mim... O mesmo aborto não feito pela mãe de Beethoven.

Que jamais entenderei. E que sempre me faz chorar para dentro desse eu-Primavera que jamais será um eu-Outono.

Pré-Natal

Chega o inferno em nome dum estipulado nascimento divino...

Chega o carnaval de lâmpadas

Que sambam nos meus olhos

Que "alegorizam" minha mente

Que dou quesito abaixo de zero nesse calor ardido

Que na anáfora pisca minha cabeça

Um jogo de luz e sombra

E todos assistem só a claridade

Que viram passistas no meu estandarte

Que eu odeio.