terça-feira, 29 de junho de 2010

"Teardrop on the fire of a confession"

Tudo o que passa por nós se torna inexistente justamente porque tudo o que não seja presente: não existe.

São os sentimentos que nos fazem pontos de ligação. A ligação desses pontos são fios invisíveis que chamamos de 'vínculo' (alguns chamam de 'amor' dentre outras nomenclaturas que designam sentimentos).
Um fio quando rijo está mais propenso a arrebentar-se (mas é esticada que a corda faz a música). Da mesma forma, os vários fios, quando frouxos, estão mais propensos ao emaranhado (alguns dizem 'ao abismo').

E os laços tornam vínculos. Quando nos tratamos de corda, a forma mais perfeita de se fazer um laço é : forca.

A propensão de um emaranhado ocorrer é maior quando os fios estão soltos.

Eu consegui fazer emaranhado com os fios presos ...
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"Noite de cinzas". Meia noite e cinquenta.
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quarta-feira, 16 de junho de 2010

[Fragmento] - DOIS PROFESSORES ANTES DE GREVE

- Não irá?
- Não.
- Esperava outra postura de alguém que se mostrava tão inteligente.. .
- Que é que havia-se de esperar?
- Que participasse !
- Lamento que eu não tenha superado as suas expectativas quanto a minha inteligência, por você, assim como lamento ser tão sensível, por mim... Vocês não reivindicam a verdadeira estruturação ideológica sobre as nossas (e várias outras) vidas. Reivindicam melhores salários.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

02.06.10 22h41



Numa devida época da abstinência necessária, pasmo. Em toda a tarde branca. Plus une fois.
Minha mão esquerda em dedos congelados e a direita queimando. Queimar remete sempre a fogo. Polaridades. Libra. Sagitário. Caranguejo. O Vermelho e o Negro. O Transparente e o Bordô. Outono exterior; Primavera interior. Nada de Capricórnio que é um trópico paralelo ao de Câncer e meu ascendente. Toca Pornography, leve. Uma agenda virgem na minha frente. Nenhuma mínima obrigação cumprida. Maçã. Aguardente vagabunda deificada como prata bem talhada em corpo bem materializado. Dia 31 de maio e 1º. de junho que devem ser escritos. Hoje é dois. Agora três.. Mesmo assim quisera eu que fosse trinta. Mesmo sem grana.

Minha Primavera conserva a rosa que morreria num ônibus de viagem São Paulo-Minas em mil escalas consecutivas.
Uma agenda virgem, uma maçã. A desvirginei sem escrever nela. Tudo de Elaine em mim... Um tudo que não sei, mas que me atrevo a dizer que é grande e imenso por não parecer me caber e ao mesmo tempo não escapar de mim.. Um tudo que me atrevo a chamar de grande pela vaguidão de seu nome. Um tudo que sinto e abranjo em chamar de imenso sem ser só, por ser soma. E sendo soma, deveras, é.

A rolha, o aroma de maçã disfarçando a aguardente com a suavidade de um beijo, meu pai, meu não-destino, minha gatunisse, a escola, minha educação, a faculdade, les voyages, meus óculos, meus ósculos, o planeta Terra sem a lua, o mar, a difusa sinapse neural, minhas deficiências, as definições e a escrita automática, o surrealismo de Aragon, os sussurros na calçadas, os gritos cores, números, mandalas, a consciência de ouvir um culto que professora chamar as interligações que observo de 'viagens' como se fossem 'apenas'... O ad-mor, a filologia e os etcs, música, teatro sem atores, poesia em parágrafos, circo, solidão correspondida. O último gole.