sábado, 17 de agosto de 2013

PADARIA

Com os olhos inertes
a velha bebe
sua aposentadoria
num copo
E corpos ambulantes do outro lado
discutem a bíblia discutida
falam de apóstolos
exalam apostas
com seus hálitos inflamáveis.
Uma funcionária
ao mesmo tempo é três
sem ser consagrada.
E tudo isso é mastigado
pelos pratos nervosos
dos peões.

BAR DO PARQUE

Bacalhaus bovinos sussurram
tiros a queima roupa
engarrafados
escondidos nas latinhas
e em caixas banais
de instrumentos musicais ...

Vamos embora!

TÔNICA

Crepitam calores agudos
inalação seca montesclarense
evapora a cada passo
cadafalso
colapso mudo
A indiferença que mata
música sertaneja saindo de todo lugar
As árvores carregam sotaques
em cada nota musical
em cada toque do desejo dos ventos
nas folhas secas
esperando chegar
qualquer coisa que não exista
e que derreta os gelos
em toques de queimar a pele.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

AMEAÇA


Morderei as paredes das suas entranhas até seu sangue derramar beijos ácidos que me rasgarão da boca aos pés. E teu sexo exalará o último gosto que minha língua sentirá. Fulminando esse teu jeito de separar as coisas importantes das pessoas, dos desejos e do que eles têm a dizer.

sábado, 13 de julho de 2013

DESSE INSTANTE

Esse maldito espírito
entubado
Lacrado com rolha
pedindo goles
de veneno
Embriagando
a vida anestésica
Sinestésica
Exalando as orquídeas
de Itamar
Assunto
Ação.

terça-feira, 2 de julho de 2013

WHEN I ARRIVE AT HOME

QUANDO EU CHEGAR EM CASA
 
Como uma lagarta de fogo
minha respiração
queima
a mão de tua alma
 
Assim que eu chegar ...
 
Como uma lagarta de fogo
Sussurrarei palavras rastejantes
e serei
a borboleta que jamais
pude ser em vida.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

DESEMPREGO

Vou pintar com meu hálito de álcool
minha imagem e semelhança suja 
no espelho.
Vou pintar com meu hálito sujo de álcool
o amarrotado de minha camisa
e de todas as roupas amontoadas na tábua.
Eu vou comprar mais álcool com esse álcool
que comprei sem dinheiro
e pintarei as poesias das paredes
dessa caverna alugada
desse casulo com prazo de validade
E vou tirar o pó que cobre o violino
para escondê-lo entre as páginas de um novo livro
que compõe tédio sem melodia
a cair em cada gota imunda
do hálito de uma infiltração que penetra
em meu cérebro
Penetra no lobo frontal de minhas incertezas
que sempre ressuscitam de tudo.