sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

TRAÇAS DAS DESGRAÇAS

A mulher mais perfeita do mundo mora no canto mais longe dele. Aquele que fica depois do abismo vitral econômico blindado. Blind.

Os pés caminham no impasse dos dias da vida purgatória que mais parece inferno.
Só náo param porque não são sós.
Só não param porque o mundo não permite.

Não permite que parem nem que avancem.


Os olhos marejam ondas de açúcar que derretem na tempestade azeda do viver ...

Existir é um peso. 64Kg de peso sisífico no absurdo de existir. 64Kg de humilhação recheada de regalias. 64Kg de suor nada lucrativo.

Às vezes meio dia, 63Kg de fome.

63.700g de sol ardido e roupa húmida
pingando na sede da garganta fechada. Da boca chorosa que, toda noite, beija a mulher mais perfeita do mundo. E a toca sorrateira como os suspiros das encantadoras madrugadas antes da meia noite no quarto sujo.

E as nuvens oníricas
roem como traças
a impossibilidade
de se realizar
um desejo simples.

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