segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Relato de um Assassino

[] Parte I


Todos os dias prometo ser melhor no dia seguinte... Eu poderia matar mais.. Se já não estivesse morto. Usufruo disso.
Se tem algo que podemos mostrar convicção é sempre sobre nós mesmos, principalmente quando isso é composição bem sucedida de hipocrisia.
Nunca ficou de ressaca? A sobriedade humana não nos livra disso.
Eu sou Deus sem bíblia e ninguém me prega, ninguém me praga. Estou na escuridão, tenho a ilusão de que mostrar através de mim o que possuo de conhecimento posso contribuir positivamente para o mundo. E, ao mesmo tempo, tenho consciência de que os pequenos detalhes afetam mais a mim que aos outros porque tenho consciência de que mais simples não é mais fácil.
Minha dor tem peso sobre minha carne, minha consciência já não sei.
O que é abstrato pode ser incessantemente distribuído, e com isso, infinitamente carregado. Por isso os templos fazem tanto sucesso. Também sou fascinado por rituais.
Orgias mentais consomem sutilmente através dos vícios. Cinco mãos em um coração. O desespero fascina o fardo de algo.
Nasci bem antes de agora, mas só agora me carneio oficialmente. É difícil entender, mas o que torna impossível é o força de sua vontade.
Justamente por isso fujo do tempo. Por condição humana é mais condizente que fujamos do que não nos encaixamos do que nos adaptarmos mutuamente ao que não nos pertence verdadeiramente.
Pelo darwinismo social sou espécie em extinção. Sou girafa de pescoço curto. Andorinha querendo fazer verão.
Quando matei, matei pensando nisso; quando violentei, violentei pensando nisso: que eu seria culpado mesmo antes de ter feito algum crime, porque eu tinha consciência de tudo, e isso me tornaria condenado de qualquer forma. Mas eu cumpri meu papel social e isso à sociedade basta.
Antes do primeiro assassinato, eu era condenado por não cumprimentar a todos todos os dias. Era condenado por discordar, por pensar no que não era permitido. Eu tinha o instrumento da inquisição introduzido no meu ânus do mesmo modo que você pode continuar a viver muito mais tranquilamente se ignorar tudo isso.
A dica para se viver bem é simples: toda vez que se deparar com algo que não o agradar e puder evitar, evite. Evite e seja feliz! Garanto qe nem sentirá o instrumento inquisitório introduzido no seu ânus.
Estas minhas palavras serão este instrumento cujo nome desconheço. De qualquer forma não é importante. É ignorável.
Todos os dias prometo ser melhor e falho, mas consigo cumprir meu papel e ser humano. Acordo sem as dores da insônia, mas com a ardência do primeiro tapa na cara.
Fui uma criança dócil, mas todos estes dias de infância eram amargos. Eu levava tapa na cara, mas era tão dócil e sorridente.... Era tanto que esse virou o meu papel de figurante. Inclusive é mentira que eu levava tapa todos os dias, disse isso só para dar convicção àqueles que buscam traumas passados para justificar os atos cometidos. É muito simples explicar erros futuros, mas não dar a receita das coisas boas chamando-as de "dom".
Eu quis justificar minha natureza com os galhos secos das árvores balançando ao vento gelado da manhã mortífera de outono, mas sou do fogo, nasci de uma febre.

Gosto de brincar com metáforas pela capacidade que elas têm sobre a série de interpretações que podemos tirar delas.. . Tenho consciência e isso me torna pecador, mas me divirto com aqueles que sentem culpa sem terem a verdadeira consciência. Como é possível? Pensava eu quando garoto. Agora penso que nem tudo vale a pena ser pensado e que nem tudo que é pensado vale a pena de ser dito.
O que acontece é que algumas pessoas crentes na filosofia de que simples é sinônimo de fácil concordam plenamente com isso se de uma rajada ouvirem, mas não porque pensam, têm orgulho de dizer que têm preguiça porque o almejado no viver é a preservação do conforto.
Inventaram Deus para explicar o que não descobriram como se faz? Não encontramos o concreto por detrás da obra, então, vamos nomear o abstrato! Assim poderemos dormir mais tranquilamente. Fecha áspas humanidade.
Todos os dias durmo sentindo-me mal-sucedido. Venho pensado em viver em viver à base de cafeína crua. Ainda assim estou com as mãos limpas, jamais me suspeitaram, por isso sou do fogo.
Penso em cafeína crua. E destilada... Penso em Deus também. Nem Ele que é feito para consolar o inexplicável definiria...
Eu poderia alegar insanidade mesmo tendo uma calculada consciência de tudo. Eu poderia. Porque o que digo pode ser um bando de absurdos. E o caminho mais próximo da loucura é pelos absurdos, não pela insanidade. Diante disso, alegaria insanidade sem estar insano para me salvar. Afinal quem tem que estar a salvo... ?
Um insano é um absurdista inconsciente e o inconsciente nem sempre salva, aliás, o inconsciente gera riscos e nos desafia o tempo inteiro a um duelo desproporcional.

Um comentário:

  1. oiiiiiiii
    adoreiii!!
    mto reflexivo...me fez pensqar sobre varias coisas...
    bjosssss
    se cuida

    continue escrevendo = )

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